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Esta é uma história de “meter” medo até em criancinha. Deus agiu rigorosamente e “matou” aquele casal por mentirem para ele. Quando lemos esta história desta forma, encontramos um Deus irado e cruel. É mesmo assim? Qual a mensagem que devemos entender deste texto?

Não temos muitas informações sobre este casal – Ananias e Safira. O texto não diz se eram cristãos ou simpatizantes, se queriam colaborar ou apenas serem aceitos no meio da igreja. A comunidade cristã crescia quantitativa e qualitativamente. Para que todos tivessem sustento, os que possuíam algum bem material vendiam suas propriedades e entregavam ao cuidado dos apóstolos, os quais por sua vez administravam estes recursos para que não houvesse entre eles necessitados (At 2. 44-47 e 4.32-37). É neste contexto que a história de Ananias e sua esposa se enquadram: tinham uma propriedade, resolveram vendê-la e destinar este recurso para os apóstolos, porém, resolveram retirar uma parte para eles mesmos. Até aqui estava tudo bem, sem problema algum, até que resolveram mentir. Porque não falaram a verdade? Porque não contaram o que desejavam fazer?

Ninguém mente sem motivo. As outras pessoas entregavam tudo, mas eles não queriam fazer isto. Podemos imaginar que no entendimento deles, reter deliberadamente uma parte os exporia ao julgamento das pessoas e dos apóstolos. Além disto não queriam ser considerados como participantes “parciais” no sustento da comunidade ou que julgassem isto como “falta de fé” no retorno de Jesus. Este foi o campo propício para Satanás encher seus corações e induzí-los a pecar. 

O “alvo” principal da mentira era a liderança da igreja. Se conseguissem enganá-los a respeito do montante, também enganariam todos os demais membros da comunidade. Quem profere mentiras não faz conta de quantas pessoas vai atingir. Miraram num alvo, mas acertaram outro que não estavam vendo: a própria pessoa de Deus. Ananias e Safira não pensaram que mentir para os líderes que Deus constituiu seria mentir para aquele que os comissionou para esta obra. Pedro deixou isto bem claro para eles antes de morrerem (v.3-4 e 9). 

A questão aqui não é dinheiro ou a quantia, mas sim o pecado da mentira. Dentro dos padrões permissivos do mundo, mentir não é um grande problema, apesar dos estragos que ela pode causar. O que importa realmente é que não se deve “zombar” de Deus, pois ele não tem “senso de humor” a este respeito (Gl 6.7). Interligado a isto está a dura disciplina a que foram submetidos: a morte. Porém, devemos nos lembrar que esta não é um castigo, mas é “salário”, isto é, uma “justa retribuição por serviços prestados” (Rm 6.23); portanto, não há crueldade ou injustiça na ação de Deus –  Ananias e Safira colheram o que plantaram. 

Somos exortados a falar a verdade, a agir com verdade, a sentir a verdade, a viver em verdade (Jo 8.32, 14.6; 15.26, 16.13, 17.17; Ef 4.25; 2Jo 1.4). Usar da mentira para alcançar interesses pessoais, para enganar as pessoas, para não sermos “julgados” pelos outros é uma estratégia própria de Satanás (Sl 7.14; Jo 8.44), um pecado impeditivo para entrar no reino dos céus (Ap 21.27, 22.15).  

Falar a verdade é bom e agradável; por mais difícil que seja ouvir, é muito melhor saber a verdade do que que ser iludido por mentiras. 

Um bom e abençoado dia!

Rev. Joel

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