O profeta Jeremias viveu uma época muito difícil. Nasceu em 650 a.C em Anatote (cidade destinada aos sacerdotes), e faleceu em 586 a.C no Egito. Era sacerdote por hereditariedade, e também historiador e pesquisador. Acredita-se que ele ajudou na composição dos livros dos Reis. Seu ministério iniciou em 626 e seguiu até 586, um período longevo para o ofício profético. Sua atuação foi dedicada ao reino do Sul, haja vista que o exílio do reino do Norte havia acontecido em 722 a.C pelos Assírios, portanto, antes de seu nascimento. O reino do Sul ainda resistia a seus inimigos, porém estava na iminência de se submeter à Babilônia. Jeremias presenciou a decadência moral, espiritual e ética do povo de Deus, onde idolatria e apostasia andavam juntas; viu o exército babilônico sitiar Jerusalém e registrou isto (Jr 39 – leia, é importante – observe a riqueza de detalhes nas informações prestadas; leia também o livro de Lamentações). Não houve grande resistência dos habitantes de Jerusalém pela condição que se encontravam. O sítio impediu a entrada de alimentos; uma boa parte do povo enfraqueceu, adoeceu e morreu à míngua; casos de antropofagia (comer carne humana) aumentavam dia a dia (Lm 2.20). Psicologicamente estavam abatidos e considerando que o cativeiro seria melhor do que o que viviam. Jerusalém foi tomada e devastada; destruíram os muros, pilharam o templo, forçaram as mulheres, transferiram e espalharam o povo entre as nações. Jeremias diz que tudo isto era fruto do pecado de Judá (Lm 1.8-9, 12, 14, 16, 18, 20).
Num exercício simples de paralelismo, hoje o inimigo que nos cerca é muito pior do que os babilônios. De forma invisível entra em nossas casas, nossas vidas e faz terríveis devastações. Ainda que no presente momento não haja escassez de alimento, se nada for feito para impedir seu avanço, isto acontecerá num futuro não muito distante. Mortos já são empilhados, o distanciamento social provoca enclausuramento, as mentes estão impregnadas de medos e incertezas pelo amanhã. Não existem dúvidas de que há pecado nesta história. Alguém ou algumas pessoas resolveram “brincar” de Deus e manipular vírus letais; abriram a “caixa de pandora” e não podem mais fechá-la. O mundo que arrogantemente proclamava poder viver sem a ajuda de Deus agora se volta para o sobrenatural em busca de respostas e auxílio – e não estão encontrando.
Jeremias sabia que o que ele vivia tinha a mão de Deus e era um exercício da justiça divina (Lm 2.17). O profeta sabia que tudo isto tinha também um propósito mais elevado do que ele podia alcançar, e que Deus não havia lhe revelado. No entanto, a sabedoria de que Deus estava agindo não era suficiente para trazer paz ao coração do homem de Deus (Lm 2.11-13); ele viu, presenciou, sentiu e sofreu em sua própria carne (Lm 3.1-20 – leia, é importante!). Jeremias é a prova de que os servos de Deus não estão isentos do sofrimento e do mal.
O que fazer em tempos de grande aflição? O que fazer diante de uma situação que não podemos mudar? Em Lm 3.21 Jeremias diz a si mesmo para buscar forças e suportar a adversidade: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”. Ele lembrou da misericórdia divina que se renova a cada manhã, lembrou da fidelidade de Deus, lembrou que somente o Senhor é capaz de dar bom termo à nossa vida e que, portanto deveria esperar no Senhor e não nos homens. Jeremias lembrou que Deus é bom para os que o buscam e nele esperam; lembrou que Deus é um Deus poderoso, capaz de salvar os seus amados. O melhor que Jeremias poderia fazer era aguardar em silêncio, sem reclamar, sem projetar a culpa nos outros, sem murmurar contra Deus.
Vamos imitar o profeta Jeremias?
Um bom e abençoado dia!
Rev. Joel