Primeiro vamos definir o que é paradigma: Sistema de regras e regulamentos (que podem ser escritos ou não) que faz duas coisas: 1) estabelece fronteiras ou limites; 2) determina como se comportar dentro dos limites para alcançar sucesso (sucesso é medido pela sua habilidade de resolver problemas usando regras).
Isto feito, retornando ao texto citado vamos encontrar Jesus reconhecendo as regras comuns de reciprocidade a respeito dos relacionamentos humanos – amar quem me ama, fazer o bem a quem me faz bem, emprestar para quem tem condição de devolver (preferencialmente com juros…). De forma geral, estas regras são válidas para qualquer sociedade e para todas as pessoas, e não existe nada que as contraindique para que haja a manutenção das relações humanas. Se assim é, porque Jesus as citou? Qual era o seu propósito? O que ele gostaria que eu e você entendêssemos a este respeito?
Lucas coloca este texto dentro de uma coletânea de ensinos de Jesus aos seus discípulos (6.20). É bem verdade que havia uma multidão testemunhando este momento (v.17-18), mas a palavra era direcionada aos discípulos e, contextualizando, para todos aqueles que hoje se consideram assim também. Agora, inseridos não como leitores, mas sim como “participantes”, podemos entender que Jesus quer que sejamos muito mais do que simples cidadãos deste mundo que interagem com outras pessoas sob a égide da “ação e reação”. Sua intenção é que sejamos cidadãos dos céus, que estejamos acima das meras convenções humanas que estabelecem paradigmas de algum valor; como participantes do reino de Deus, somos chamados para ser melhores, maiores, superiores e para quebrar os paradigmas estabelecidos por outros bem mais elevados. Jesus propõe o impensável: amar os inimigos, emprestar sem esperar receber nada em troca, fazer o bem seguindo o exemplo do Pai – aos ingratos e maus (v.35).
Seria ingênuo afirmar que somos capazes de alterar nossa natureza ao ponto de fazer tudo isso desprovido do desejo de recompensa, e Jesus em nenhum momento aventa esta possibilidade, pelo contrário, nos estimula a fazer estas coisas na certeza de que seremos recompensados pelo Senhor, que teremos galardão futuro, que nos aproximaremos cada vez mais do Altíssimo. E como alcançar isto? Através da misericórdia, a mesma que o Senhor dispensou a nós quando éramos pecadores (Rm 5.8). Misericórdia é fazer algo por alguém que não pode fazer por si mesmo, e isto sem levar em consideração nenhuma informação sobre esta pessoa – boa ou ruim; é simplesmente fazer porque quer fazer, no exercício pleno de sua vontade. Assim, o ato da misericórdia, por si só, já é uma quebra de um paradigma.
Vamos quebrar paradigmas? Vamos obedecer ao ensino de Jesus conforme ele orienta no verso 35?
Uma boa e abençoada semana!
Rev. Joel