O século XVI estava em plena ebulição; por toda a parte se viam avanços impressionantes nas artes, na cultura, filosofia, política, sociedade e até mesmo na religião; havia um movimento significativo de transição entre o feudalismo para o capitalismo. Com a crescente racionalização das ciências, o dogmatismo religioso e os misticismos perdiam sua influência para o humanismo – onde tudo passou a girar em torno do homem e seu bem estar.
No entanto, nem tudo era fácil; tribunais religiosos católicos persistiam em ser um instrumento para subjugar não-cristãos e aqueles que eram considerados hereges. As penas impostas pelos juízes eclesiásticos variavam de sequestro dos bens, perda temporária da liberdade e, às vezes, pena de morte. Um dado importante é que estes juízes não aplicavam as penalidades, e sim os magistrados e autoridades civis, cujas práticas jurídicas e executivas se assemelhavam em muito às penalidades impostas aos criminosos e libertinos.
Os reformados também tinham seus tribunais eclesiásticos, e também aplicavam sentenças de suplício físico e morte. Geralmente tinham como réus os anabatistas (re-batizadores, ala radical da reforma protestante que acreditava ser válido somente o batismo em fase adulta, e por isto rebatizava tanto os conversos do catolicismo quanto os anglicanos, luteranos e reformados em geral), os supostos praticantes de bruxaria, e os sodomitas. Um dos mais famosos casos de pena capital promulgada por um tribunal eclesiástico e cumprida por magistrados civis foi o de Miguel Serveto (1511-1553). Médico, advogado e teólogo, foi condenado por suas proposições feitas sobre a trindade, as quais desagradaram tanto aos católicos quanto aos reformados. Foi preso e sentenciado em Genebra, e o próprio Calvino aprovou sua morte. Digno de nota é que Calvino pediu ao Conselho da Cidade de Genebra uma morte mais humanitária, mas não foi atendido (para maiores informações acesse aqui.
Hoje presenciamos o ressurgimento das inquisições, agora por parte de não-cristãos. Pessoas tem sido executadas por motivos de fé. Minha oração e para que estes tempos de intolerância religiosa, de perseguição e morte por radicalismo de fé sejam erradicados do mundo, apesar dos exemplos do passado e do presente. Não podemos aceitar a heresia, nem tampouco compactuar com suas obras, mas devemos confiar tais pessoas ao juízo eterno de Deus, pois somente ele é justo.
Uma boa e abençoada semana!
Rev. Joel