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“Levantou-se Ana, e, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente”

O caso que resultou nesta oração era bem específico: Ana era uma mulher estéril  e queria muito ser mãe. Independentemente da época, este também é o sonho de muitas mulheres dos nossos dias que se sentem incompletas sem a experiência da maternidade. No entanto, apesar do contexto em que esta oração ocorreu, podemos extrair alguns parâmetros para nossa vida a partir do que possuímos em comum com Ana.

O que motivou Ana a estar na presença do Senhor foi sua amargura de alma. O problema que ela vivia já tinha se assenhorado de sua mente e estava arraigado em seu corpo produzindo agonia e ansiedade com tal intensidade que já não comia direito, não dormia direito, não vivia direito (v.7); para aumentar ainda mais sua aflição, Ana não contava com o apoio e compreensão de seu marido pois, aos olhos dele, ela não tinha motivos “reais” para aquela atitude (v.8).

Imagino que você conseguiu se “ver na pele” de Ana em algum problema grande demais para suas próprias forças e habilidades, e também se viu cercado por pessoas que, mesmo amando você, são incapazes para compreender o sofrimento que está entranhado em seu corpo e sua alma. De forma geral, entendo que o momento histórico que vivemos nos faz ser empáticos com Ana, haja vista a dor que está no ar que respiramos, nas informações funestas que recebemos diariamente, nas imagens que geram dores profundas em nossa alma pelo sofrimento dos que permanecem vivos. Esta pandemia não é somente externa, mas já está dentro de nós…

O que fazer com esta ansiedade, angústia, tristeza profunda que se abateu e está sobre nossa alma? O que fazer com as incertezas a respeito do amanhã, com a sobrevivência do homem e da sociedade, com as mudanças nos relacionamentos pessoais? Ainda bem que temos o exemplo de Ana, um exemplo que deu certo, um exemplo que vale a pena ser seguido.

Ana orou ao Senhor. Colocou toda a sua alma já conspurcada (suja, manchada) pela dor aos pés do Todo Poderoso. Entregou-se de corpo e espírito àquele que realmente pode mudar a dura realidade e suavizar seus efeitos devastadores na mente e no espírito. Ela fez isto com lágrimas, com choro abundante, abriu as comportas de seus sentimentos e deixou fluir os rios de dor, frustração, incertezas e incapacidades; e tais águas “barrentas” desaguaram no mar da graça, da misericórdia, do amor de Deus, e por este mar foram totalmente absorvidas. 

O que aconteceu com Ana depois desta oração extravasadora? Ela retomou seu caminho, se alimentou e seu rosto já não mais aparentava tristeza porque o Senhor trouxe paz ao seu coração (1Sm 1.18).

Ceio plenamente que a oração é fonte da graça que abraça, que acolhe, que dilui os rios caudalosos das nossas emoções feridas e amarguradas; creio que o Senhor ouve todas as orações, que vê todos os corações, que tem misericórdia de todos os que sofrem; creio que Deus tem todo o poder para resolver nossos problemas insolúveis e trazer paz ao nosso coração. Creio não só pela experiência da Ana, mas também pelas muitas vezes que me derramei diante do Senhor em oração. 

Convido a você para, no silêncio do seu quarto, derramar-se diante do Senhor em oração. Ali você pode chorar sem medo e sem constrangimento, suas lágrimas podem cair copiosas sem que haja qualquer espécie de julgamento. Sua dor será respeitada, sua amargura será entendida, seu coração poderá ser transformado. Não tenha medo. Ora que melhora!

Um bom e abençoado dia!

Rev. Joel

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