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Ele sente as dores apenas de seu próprio corpo, e só a seu respeito sofre a sua alma” – Jó 14.22

 

Este verso faz parte das elucubrações de Jó a respeito da vida e da morte do homem. Fala das inquietações e da fragilidade humana, do tempo estabelecido por Deus para cada pessoa, da finitude desta existência terrena para a qual o homem não retornará e que não verá o que sucede aos seus filhos. Jó chega à conclusão de que a dor é uma experiência pessoal e intransferível, e que esta afeta não somente o corpo, mas também a alma do indivíduo. 

A dor física pode ser definida como uma sensação desagradável que é produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a estímulos internos ou externos, e pode ser classificada conforme seu lugar, tipo, intensidade, periodicidade, difusão e caráter; já a dor da alma é instigada por pensamentos e sentimentos ruins, e provoca a sensação de penar, inquietação, angústia profunda. 

Não é agradável sofrer dores, nem tampouco ver alguém querido passar por este momento de aflição. Somos tomados por uma sensação de impotência e incapacidade para sanar ou mitigar a dor que nos alcança e fere. Ah, quem dera poder estender a mão e “arrancar” a dor… Ah, se pudéssemos passar esta vida sem esta experiência ruim… Como suportar a dor? Como entendê-la como instrumento de Deus para as nossas vidas?

Em última análise, a dor é uma criação de Deus e foi introduzida no mundo como elemento disciplinador ao pecado de Eva (Gn 3.16); por isto muitas pessoas julgam Deus como injusto ao imputar a dor aos descendentes de Adão. Não há dúvida de que a dor pode ser uma boa mestra. Ela tem a capacidade de mostrar nossas limitações e nos instiga a buscar o poder de Deus para saná-la ou suprimi-la; também tem a função de nos revelar que não somos inatingíveis ou que nossos corpos terão vigor constante. A dor se torna uma companheira na caminhada até a morte que nos faz mais próximos de Deus. Aliás, é importante lembrar que o próprio Senhor não se absteve de sofrer dores quando encarnou (Is 53.3-4 – leia porque é importante!) e assim encontramos conforto na hora da dor sabendo que nosso Deus sabe o que sentimos.  

Quando você sentir dor (e em algum momento vai sentir…) lembre-se do quanto você precisa de Deus; precisa do seu perdão, da sua graça, do seu amor. A dor – como todas as coisas deste mundo – tem um tempo determinado. Não há dor que sempre dure e por isto consolamos e somos consolados com a frase: “vai passar…”.  Lembre-se do que disse o profeta Isaías: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados“.

Um dia não haverá mais dor, nem luto, nem tristeza. Este será um dia de alegria, de cura, de libertação plena, um novo tempo que durará para sempre. Até lá vamos olhar para a dor como uma amiga indesejável (mas ainda assim uma amiga) nesta caminhada até a glória. 

Uma boa e abençoada semana!

Rev. Joel  

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