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Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” – Tg 1.2-3.

Quando Tiago, o “meio irmão” de Jesus escreveu esta carta ele era um cristão influente dentre os demais. Muito provavelmente foi ele quem dirigiu o primeiro concílio de Jerusalém (At 15), tendo em vista que o apóstolo Tiago havia sido decapitado a mando de Herodes (At 12.1-2). Paulo, quando escreveu aos Gálatas, mencionou Tiago como irmão do Senhor (1.19). 

Estabelecido o autor, precisamos entender o seu contexto. Ele escreveu por volta de 44 d.C, no início da perseguição que deflagrou a diáspora (verso 1). Se esta data está correta, ele foi um dos primeiros escritores do Novo Testamento. Esta perseguição inicial consistia em aprisionamento, interrogatório com tortura e, em casos extremos, sentença de morte.  O foco principal era que negassem a fé cristã e denunciassem outros cristãos; além disto, deveriam prometer se afastar definitivamente da seita designada “o Caminho” (At 19.9,23; 24;14,22). Diante desta crueldade, muitos cristãos evadiram-se das principais cidades romanas e procuraram abrigo em aldeias ou em outras nações – o que os transformou nos primeiros evangelistas transculturais. Esta, portanto, é uma carta geral, destinada aos cristãos espalhados pelo mundo conhecido da época. 

Vamos tentar definir quais seriam estas provações a que Tiago se refere para criar algum paralelo com nossa vida hoje. Aqueles irmãos do passado estavam com muito medo: medo dos judeus, dos romanos, de não suportar a prisão e as torturas, de não serem fortes o suficiente para não delatar seus irmãos e, se fosse o caso, para suportar a morte. Tinham medo de falhar com o Mestre, e tinham medo de não receberem o suporte divino necessário para suplantar as provações. O medo faz qualquer um encolher-se, diminuir seu valor, duvidar da sua própria capacidade e do sustento de Deus. Medo rouba a alegria, tira o brilho dos olhos, arranca a alma do corpo. Medo é algo que conhecemos muito bem nestes dias de pandemia que parecem intermináveis, onde o vírus se aproxima cada vez mais das pessoas que amamos e de nós mesmos. 

Tiago os conforta e anima dizendo que provações não são necessariamente ruins. Elas têm uma serventia aos olhos de Deus – provar a fé, a qualidade e intensidade da confiança depositada no Senhor. As provações não vêm uma vez só, mas várias vezes, para que a fé seja forjada no fogo, que sua pureza seja revelada e as impurezas retiradas. Antigamente muitos escudos eram feitos de couro batido. Quanto mais golpes recebiam em sua preparação, mais endurecidos e prontos para a batalha ficavam. Assim também a fé: quanto mais exigida, maior o seu poder de proteção; quanto mais vezes ela é exercitada, mais perseverança produz. 

As perguntas que sobressaem neste momento são: qual o propósito da provação? Porque os crentes precisam passar por várias? Porque Deus permite esse ataque constante? E a resposta está no verso 4: “Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes“. Todas as provações que passamos servem para nos aperfeiçoar, para nos tornar mais íntegros e em nada deficientes. As provações nos preparam para viver dignamente neste mundo e no vindouro. 

Quando você encarar novamente provações lembre-se disto: é graça de Deus para prepará-lo para a nova vida que logo virá. Pense assim e o medo e a tristeza darão lugar à alegria de ser filho de Deus.

Um bom e abençoado dia.

Rev. Joel 

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