“Converte-nos a ti, SENHOR, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes” – Lm 5.21
Uma das defesas intrínsecas à natureza humana é a projeção da responsabilidade. Segundo a Palavra de Deus, ela nasceu logo após o pecado, quando o Senhor responsabilizou Adão pela desobediência do casal por comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.16-17; 3.9-11). Como ato contínuo, o homem respondeu a Deus: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn 3.12). Fica evidente nesta fala que Adão culpou não só a mulher, mas também a Deus pelo ocorrido. A mulher, por sua vez, culpou a serpente (Gn 3.13). Projeções à parte, daquele momento em diante tornou-se difícil andar no caminho de Deus, até mesmo porque foram expulsos do Éden por terem cometido tal ato de desobediência. É neste “descaminho” que a humanidade caminha. Inclinada por suas paixões e desejos, irreconciliada com o Senhor, anda por sendas de desobediência que culminarão em morte certa.
O povo de Deus, mesmo sendo amado e escolhido do Senhor para caminhar ao seu lado, por diversas vezes enveredou por caminhos tortuosos a fim de ir atrás de falsos deuses para lhes prestar culto. Foi assim no deserto quando fizeram para si um bezerro de ouro (Ex 32.8), e também em diversas ocasiões já na terra prometida (Jz 2.12), e mais tarde sob os cuidados dos reis de Israel (1Rs 9.9; 2Rs 17.16; Jr 1.16).
A palavra “conversão” (shub em hebraico e epistrofe em grego) significa: retornar, dar meia-volta, ir na direção contrária, voltar atrás. Na Bíblia ela é usada para os filhos de Deus, para aqueles que foram chamados para caminhar ao lado do Senhor e que, por terem sido seduzidos por seus desejos e prazeres, e conseqüentemente incorrerem em pecados, acabaram por se afastar do bom caminho.
Voltando ao verso principal, Jeremias reconheceu que tudo o que estavam passando (primeiro o cerco inimigo, depois a fome, por fim a entrada violenta dos conquistadores sobre as pessoas) era fruto da ira de Deus para disciplinar os pecadores. O Senhor os entregou nas mãos dos inimigos e foram feitos escravos. Jeremias descreveu assim a condição de Israel: “Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós, porque pecamos! Por isso, caiu doente o nosso coração; por isso, se escureceram os nossos olhos” (Lm 5.16-17).
No momento de grande aflição é comum que o ser humano faça promessas de mudanças (quem já não as fez?). Ao ser revelado sua culpa, mais do que depressa assevera que não irá mais cometer tal ato, que vai endireitar seus caminhos; porém, por suas próprias forças, logo sucumbe e retorna ao erro, o que confirma o adágio antigo: “A porca lavada volta para revirar-se no lamaçal”.
Jeremias tinha conhecimento disto. Sabia que a dureza do momento poderia oferecer uma conversão de fachada que não duraria; por isto clamou ao Senhor que convertesse seu povo, que fosse uma ação divina que transformasse de fato e de verdade, que mudasse o coração do povo para o bom caminho e dele não saíssem jamais. Pois bem, Deus atendeu à voz de Jeremias. Enviou João Batista para cumprir sua palavra dada ao profeta Malaquias (Ml 4.5-6), para pregar o arrependimento e anunciar a vinda de Jesus (Mt 3.11). Jesus deixou absolutamente claro que ele é o único caminho capaz de reconduzir o homem à presença de Deus (Jo 14.6). No primórdio da igreja os cristãos foram identificados por pertencerem ao Caminho (At 9.2; 19.9, 23; 22.4; 24.14, 22). Seguir este Caminho levava e ainda leva à vida eterna. Não há mais necessidade de “defender-se” e projetar a culpa em alguém, pois Jesus tomou sobre si e, no derramamento do seu sangue encontramos pleno perdão (Hb 9.22; 1Jo 1.9).
Como filhos de Deus, amados e eleitos, é nosso privilégio e dever nos manter no Caminho do Senhor. Devemos abandonar definitivamente os caminhos de morte e nos dedicarmos ao Senhor. Se, porventura você não está firme nesta caminhada, ouça a voz e a promessa de Jesus: ” Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo“.
Um bom e abençoado dia!
Rev. Joel