Sem dúvida, o tempo é um bem precioso. Uma vez desperdiçado não será recuperado, e se for mal investido não terá o retorno desejado. Quantas pessoas se queixam do tempo porque não lhe deram a devida atenção, pois ele passa rapidamente e leva com ele as possibilidades que não mais existirão.
O autor de Eclesiastes dedica oito versos para tratar do tempo e das coisas que com ele se relacionam: a) a existência; b) subsistência; c) conquistas; d) patrimônio; e) alegrias e tristezas; f) relacionamentos; g) perdas; h) economia; i) comunicação; j) amor e ódio. Dentre estas coisas está o verso 5, mais especificamente a segunda parte do verso que diz: “… tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar”.
Nestes dias de isolamento social tenho sentido muita falta do relacionamento presencial – aquele que inclui olhar nos olhos, apertar as mãos, abraçar, dar e receber ósculo santo. As mídias sociais tentam minimizar esta lacuna, mas não suprem a carência que sinto. Na qualidade de ser relacional, este tempo de modernidade não me satisfaz. A ausência do toque, do conforto transmitido no abraço “urso” que envolve, da mão que aperta e manifesta vividamente a mensagem – estou aqui; tudo isto me faz falta. Sempre apreciei e valorizei estas coisas, e talvez seja por isto que agora sinto tanto a ausência delas.
Infelizmente é tempo de afastar-se de abraçar; é tempo de ficar em casa pensando na saúde dos outros e assim cumprir o segundo mandamento: amar ao próximo como a nós mesmos. Mais do que atender às ordens mundiais, nacionais, estaduais e/ou municipais, cuidar de nós mesmos e do próximo tornou-se uma tarefa de amor para ser feita como um ato heróico, de desprendimento, de consciência cívica e humanitária. Ato heróico porque exige força, determinação e, ao mesmo tempo, resignação, pois lutamos contra nós mesmos, nossos desejos de nos relacionarmos, de “quebrar” as regras, de flexibilizar ou relaxar nossa atenção.
Como disse o autor de Eclesiastes, há tempo para todas as coisas. Isto significa que um dia haverá tempo para retornar a abraçar, para conviver socialmente e nos reunirmos novamente face a face. Até lá, vamos esperar no Senhor porque ele tem cuidado de nós.
Um bom e abençoado dia!
Rev. Joel