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E que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; porém não foi. Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não quero; depois, arrependido, foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?” – Mateus 21.28-31

Jesus muitas vezes lançou mão de exemplos práticos da vida para ilustrar seu ensino. Usava a lida do campo, o cuidado com os animais, negociações de compra e venda e, neste caso, relacionamentos familiares. Jesus colocou seus ouvintes em posição de julgar sobre algo, e a partir da sentença óbvia lançava seu desafio ou deixava tão claro o que queria dizer que ninguém tinha capacidade para contradizê-lo por causa da resposta que haviam dado. 

Observem que Jesus falou para judeus, para o povo de Deus cujas pessoas conheciam bem o decálogo e o mandamento de honrar pai e mãe. Uma das formas de honra é obedecer e outra é ser submisso. Também estava contemplada a questão da primogenitura, onde o filho mais velho deveria ser o mais responsável, haja vista que ele substituiria o seu pai um dia, e assim cuidaria da sua mãe e dos demais irmãos. Era comum ter mais de um filho homem porque isso significava não somente a bênção de Deus, mas também o aumento na mão de obra para a lavoura ou pastoreio de animais. Na ilustração de Jesus, o filho mais velho foi obediente em sua resposta, mas insubmisso e irresponsável na continuidade. Falou aquilo que seu pai queria ouvir e fez aquilo que seu próprio coração desejava fazer. Imediatamente podemos rotulá-lo de mentiroso, hipócrita, desobediente e outros adjetivos negativos porque suas ações não condiziam com suas palavras. Já o filho mais jovem foi duro em sua resposta dizendo claramente: “não quero”. Ele expressou o que estava em seu coração; foi de uma sinceridade brutal com seu pai, cuja ordem não deveria ser contestada. Somente por ter dito isto ele já se fez culpado de insubmissão. Jesus ofereceu aos seus ouvintes a idéia de um espaço de tempo entre a ordem recebida e a conscientização do erro cometido ao dizer: “depois…”. Jesus conduziu seus ouvintes ao entendimento de que o jovem refletiu sobre sua ação, reconheceu seu erro, arrependeu-se de sua atitude e como prova real de transformação foi trabalhar na vinha. A resposta à pergunta de Jesus era óbvia, e seu propósito era revelar aos seus ouvintes quem eram os “filhos” a quem ele se referia. Em toda sociedade existem pessoas que se consideram mais especiais do que outras porque possuem mais bens ou poder ou conhecimento. Assim eram os sacerdotes, os escribas e os fariseus; eles se achavam acima dos outros judeus comuns, especialmente das classes que eles consideravam mais baixas: os publicanos e as meretrizes. A “classe A” entendia que eles eram os verdadeiros filhos, os responsáveis absolutos em representar Deus diante das demais pessoas. Ao ouvirem a história de Jesus, do alto do pedestal de juízes e dignos mandatários, impregnados desta consciência e sentimento de “primogênitos”, execraram em seus corações a atitude do filho mais velho sem saber que ele os representava na história. Deus mandou seu Elias como precursor do Messias que viria ao mundo e disse para que nele cressem; os maiorais disseram: “sim, Senhor!”,  mas não creram em João; já os pecadores, aqueles que conseguiram reconhecer seus erros, disseram: “não, Senhor!”, mas “depois…” creram. E o que os principais fizeram ao ver isto? Nada! Não se arrependeram e não creram (Mt 21.32). 

Jesus está voltando e o Pai continua a chamar seus filhos para trabalharem em sua vinha. Não importa os erros cometidos, se houve desrespeito ao dizer: “não quero”, se foi levado pelos desejos e não pela responsabilidade; o que importa é sua atitude hoje, agora, em reconhecer seu próprio pecado, de arrepender-se das atitudes ruins que tomou, de retomar o caminho que leva à vinha e à vontade do Pai. Ouça a voz do Pai que lhe diz: Filho, vem trabalhar na vinha!

Um bom e abençoado dia!

Rev. Joel 

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