IPJ

Caros irmãos em Cristo:

Estes tempos pandêmicos tem exercido grande pressão sobre todas as pessoas. O distanciamento social tem afetado diretamente a saúde emocional e, não poucas vezes, conduzido pessoas à depressão – seja esta leve ou profunda.
A impotência diante da pandemia tem levado as pessoas a reagirem e, em muitos casos, de forma exacerbada e descabida, provocando pânico através de notícias inverídicas sobre um suposto calendário de vacinação ou notícias reais sobre o mau uso da máquina pública que desvia recursos da saúde; estas e outras matérias que são repassadas para polemizar, ainda que bem intencionadas em sua origem, são repassadas sem o devido crivo e sem prospecção de desdobramentos possíveis.
Ultimamente vozes tem se levantado para colocar a Igreja contra o Estado. Líderes denominacionais têm instruído seus membros a reagirem em busca de seus direitos (que julgam ter amparo constitucional) para se reunirem quando e como bem quiserem sob a égide do artigo de “liberdade religiosa”; de forma implícita ou explícita estão instigando à desobediência civil. O pressuposto básico do qual partem para defender esta tese é a de que seus direitos estão sendo cerceados, e que os decretos de restrição para o funcionamento das igrejas são abusivos.
Sem querer entrar no mérito dos “serviços essenciais”, o fato é que as restrições impostas não atingem somente as igrejas, mas também outras atividades como restaurantes, lojas e similares de funcionarem aos domingos. Isto posto, devemos entender as restrições como um esforço governamental para manter a sociedade em pé, e não uma ação deliberada para prejudicar o culto público ou individual. Devemos atentar sempre ao propósito primário que é conter o colapso da rede de saúde (pública e privada) cuja capacidade de atendimento está praticamente esgotada. Certamente você não quer chegar à situação em que um profissional da saúde irá “escolher” se você deve ser atendido ou não, se terá uma chance de recuperação hospitalizado ou irá para sua casa esperar unicamente pela graça do Senhor.
Observe que o problema em questão não é de “perseguição religiosa”, mas sim de saúde física, emocional e espiritual da população em geral. Sem dúvida alguma a fé é um fator preponderante neste momento de crise. Ela não é uma redoma infalível que protege e previne do Covid-19, mas ela é importante para manter a esperança em dias melhores e confirmar em nosso coração que nosso Senhor está cuidando de nós em cada momento; além disto, se formos infectados, a fé não se abalará e se fortalecerá para o enfrentamento deste inimigo real. Por ora devemos lembrar das nossas responsabilidades no trato com o próximo, tanto para não sermos infectados quanto para não nos tornarmos transmissores deste vírus que pode ser letal.
Não há dúvidas que existem pessoas mal intencionadas prontas para aproveitar deste momento para tentar restringir e, quiçá, suprimir os cultos de adoração ao Senhor; no entanto jamais esqueça que tais pessoas são incapazes de prejudicar nosso culto pessoal – aquele que podemos realizar a qualquer momento do dia. Quanto ao culto coletivo temos a liberdade de nos reunirmos pelos meios de comunicação disponíveis. Seria configurada a perseguição se estes meios fossem obstruídos ou impedidos de transmitirem conteúdo religioso – o que não de fato não acontece – e assim devemos entender que a liberdade de expressão religiosa está preservada. Certamente esta é a forma de culto que está ao nosso dispor (e pela qual somos gratos), mas para nós o ideal sempre será o culto presencial (que nosso coração almeja), com abraços, ósculo santo, conversas sem “máscaras”, ministração dos sacramentos, etc.
A pandemia vai passar. Outras vieram e passaram, e esta não será diferente; pode demorar este ano todo ainda, mas vai passar. Debaixo da graça de Deus nós vamos atravessar esta pandemia juntos, fiéis, coerentes, sem ver em cada ação do governo uma perseguição religiosa e dando graças pelos meios que Deus nos concede para prestar-lhe culto.
Um bom e abençoado dia!
Rev. Joel

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