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Este salmo foi escrito pelos descendentes de Coré. Você conhece um pouco da história de Coré? Sabe o que ele fez? Ele, junto com Dotã e Abirão tentaram dar um “golpe de estado” em Moisés. É bem verdade que a liderança de Moisés sempre foi contestada. Miriã, sua irmã, se levantou contra ele e foi punida pelo Senhor com lepra (Nm 12); o povo murmurou contra Moisés e se não fosse a intervenção do Senhor ele seria apedrejado e, no seu lugar, o povo elegeria um capitão para retornarem à terra do Egito (Nm 14). No capítulo 16 de Números nos é apresentada a rebelião encabeçada por Coré e seus aliados. Coré era levita, enquanto os outros dois eram rubenitas. Eles conseguiram reunir 250 líderes e foram até Moisés com a intenção de destituí-lo de sua função de líder. O que aconteceu? Eles foram punidos pelo Senhor. Coré e seus bens foram “engolidos” pela terra. Dotã e Abirão foram punidos ainda mais severamente, pois além dos bens todos os seus familiares também foram mortos. Há um registro muito importante no recenseamento do povo de Israel que se encontra em Números 26.11: “mas os filhos de Coré não morreram”. Eles foram poupados pela misericórdia do Senhor. Este histórico familiar é visível nas palavras deste salmo, onde a misericórdia divina é exaltada.

De forma poética, os descendentes de Coré retratam uma imagem conhecida do povo de Israel em tempos de aridez. A falta de água fazia com que os animais suspirassem. Certamente pela sede, mas também pela lembrança que naquele lugar um dia já teve água corrente (1). Por mais premente que fosse a sede ou a tribulação enfrentada, o que mais importava era estar na presença de Deus. 

Infelizmente, na hora da dificuldade somos tentados a pensar que Deus se ausenta ou se distancia do atribulado, ou que ele está exercendo seu juízo sobre o pecador (2). Enquanto isto, as lágrimas se acumulam. Ainda que os autores tratem delas como lenitivo para a dor, o fato é que isto é paliativo. O problema não é somente físico, mas também espiritual. A crítica dos que estão ao redor é cruel (importante ressaltar que não necessariamente inimigos) –  e eles dizem: Onde está a tua fé? Onde está o Deus que vem em teu socorro na hora da necessidade ou calamidade? (3). 

O que podemos aprender até aqui? Que por mais que não tenhamos respostas isto não significa que Deus desconheça o que nos acontece. Precisamos crer que, no tempo determinado, o Senhor agirá. Basta lembrar daquilo que já vivenciamos, da presença de Deus na caminhada e na comunhão da igreja (4). O Senhor faltou alguma vez? Não nos livrou em outras oportunidades? Porque devemos deixar que nossa alma fique abatida? (5). Quando deixamos de olhar para o que Deus fez, faz e pode fazer, somente nos resta lamuriar pela aflição do presente momento, que, aliás, vai passar (6-7). 

Um fato inegável é que, por mais que nossa alma fique atemorizada, abatida, entristecida, o Senhor ainda usa de misericórdia para conosco e nos estende sua mão. Ele nos tira do monturo, firma nossos passos, restaura nossa confiança (8).

Esperar no Senhor é o ápice deste salmo. A misericórdia de Deus não é algo relativo, mas absolutamente concreto na vida dos filhos de Deus. O fato de passarmos por tribulações não muda e nem altera isto e, portanto, nós devemos confiar nesta misericórdia divina porque ela invariavelmente nos alcançará (11). 

Vamos esperar no Senhor?

Um bom e abençoado dia!

Rev. Joel

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